Cada motor necessita de um óleo à sua medida. Contamos-lhe o que é a norma SAE J 300 e como é que o ajuda a acertar quanto ao lubrificante.
Encontrar um óleo adequado para cada tipo de motor é algo semelhante a encontrar um calçado apropriado para cada pessoa. Se nos enganarmos no tamanho, largura ou forma do calçado, acabaremos com roçadelas e até pode acontecer que fiquemos com problemas na coluna vertebral. De igual modo, se não acertarmos quanto ao lubrificante para o nosso carro, as peças também poderão sofrer roçadelas e provocar danos no propulsor.
Para nos certificarmos de que acertamos quanto ao óleo do motor, a Sociedade de Engenheiros de Automobilismo SAE (Society of Automotive Engineers), que é a organização que estabelece padrões para todos os tipos de veículos, criou a norma SAE J 300 para automobilismo. É esta norma que estabelece os graus SAE como, por exemplo, 5W-30 ou 15W-40.
Dê-me viscosidade e moverei o seu motor
A norma SAE J 300 baseia-se numa propriedade física chamada viscosidade, que de certeza lhe soa ao falar de óleos. Com efeito, a viscosidade indica a capacidade de fluxo que um produto tem e, no caso dos lubrificantes, depende da temperatura, de tal modo que o fluido será menos viscoso quanto mais elevada esta for.
Com a viscosidade procuramos criar uma camada de óleo entre as superfícies metálicas, que resista às pressões de trabalho, tendo por objetivo fazer com que o desgaste seja mínimo a qualquer temperatura.
Por este motivo, a norma SAE J 300 é utilizada em todo o mundo para classificar os óleos lubrificantes de motores em função do seu grau de viscosidade. Os fabricantes utilizam-na para definir como é que o óleo se deve mover nos seus motores de acordo com a sua conceção. O objetivo consiste em otimizar o funcionamento do motor e prolongar a sua vida útil ao máximo.
Para a consecução deste objetivo, existem dois níveis de controlo do lubrificante: em arranque ou em regime normal de funcionamento. Isto é, a frio ou a quente.
Assim, na norma estabelecem-se viscosidades mínimas ou máximas a diferentes temperaturas, tendo em conta que a mínima será a do arranque ou ambiental e que as máximas dependem de cada zona do motor em pleno regime. É necessário que se tenha em conta que, por exemplo, em Portugal a temperatura mínima pode variar muito, desde os 0ºC no inverno até aos 40ºC ou mais no verão.
Portanto, a norma SAE indica como é que o lubrificante deve fluir no motor, pelo que tem em conta a viscosidade em função das temperaturas que se verificam no mesmo.
O motor também conta (e muito)
Que outros aspetos é que devem ser tidos em conta para que a viscosidade do óleo seja a adequada? Para começar, a própria conceção do motor, tendo em conta as folgas, de cujo tamanho depende a maior ou menor fluidez do lubrificante. Por isso, há diferentes normas SAE em função das conceções das passagens do óleo.
Também influi a metalurgia das peças e a sua resistência ao desgaste. Isto é, se as ligas que as compõem fizerem com que os componentes tenham uma alta resistência ao desgaste, podem-se utilizar óleos mais fluidos, com uma viscosidade inferior a frio e a quente. Como resultado, economiza-se combustível.
Outro fator que deve ser tido em conta é o peso e as cargas que as peças lubrificadas suportam. Se as cargas forem mais leves, favorecer-se-á uma menor viscosidade do óleo. Mas não se deve esquecer de que a carga sobre um mancal implica sempre a necessidade de lubrificação com uma determinada viscosidade.
De igual modo, as temperaturas que se desenvolvem no motor implicam uma evolução significativa da natureza dos lubrificantes. Os sintéticos aguentam melhor as altas temperaturas e permitem o desenvolvimento de produtos mais fluidos.
Em resumo, uma menor viscosidade implica uma menor fricção do óleo nas peças. Isto é bom porque esse atrito provoca uma ação de travagem, o que implica uma perda de potência e energia e, portanto, um maior consumo. Ao tornar mais fluido um óleo, diminuímos esse atrito, economizamos combustível e contaminamos menos percorrendo os mesmos quilómetros.
Por tudo isto, é tão importante que se utilize sempre um óleo com a viscosidade adequada a cada motor e às suas peculiaridades e características, e que seja capaz de responder às suas exigências.
Em próximos artigos contar-lhes-emos como é que a norma SAE J 300 estabelece a forma como o óleo se moverá de acordo com a viscosidade e a temperatura. Também lhe explicaremos o que significam os números que estão junto ao W em 5W-30 ou 15W-40.